O capitão América, como é conhecido nos quadrinhos da Marvel comics, foi criado por Joe Simon e Jack Kirby. Teve sua primeira publicação própria em quadrinhos em março de 1941 em Captain América Comics # 1.

Imagem- 1. Primeiro HQ do Capitão América nos EUA.

Steve Rogers tornou-se o Capitão América, um super-herói patriótico, seu contexto histórico tem origem e está relacionada na Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), onde o próprio combateu as forças do eixo.

A simbologia e a representação da bandeira norte americana estão estampadas nas vestes do herói. As cores e ideais americanos permanecem contidos no visual do Capitão América até os dias de hoje.

O Capitão América dando um soco na cara do nazista Hitler em uma capa de sua historia em quadrinhos significa a vitória de um regime sobre outro. Claro, isso tinha uma representatividade de quem ganharia, e de qual regime ideológico, político e econômico seria o mais forte e o qual passaria a vigorar no mundo moderno. Não é atoa que seu traje é a bandeira norte América, recheadas das filosofias de liberdade.

Imagem- 2. As cores da bandeira dos EUA no uniforme.

Mas o leitor pode perguntar, quais são esses ideais americanos, que o Capitão América representa e, que está presente até os dias de hoje nas suas histórias em quadrinhos? O interessante é que depois dessa resenha, o caro leitor vai compreender melhor o porquê Steve Rogers defendeu a liberdade das ações dos heróis tanto no filme quanto nos quadrinhos em guerra civil, se opondo ao governo e ao homem de ferro na questão de registros dos heróis durante a primeira guerra civil dos quadrinhos. O capitão América sempre lutará pela democracia e pela liberdade de escolhas das pessoas.  Por isso em suas histórias a sua luta é contra aqueles que querem deturpar o EUA com regimes totalitaristas.

Para Roy C. Macridis, o totalitarismo, como regime ideológico, é antidemocrático; recusa as liberdades individuais e de associação; usa a força como um instrumento de governo; apoia-se num único partido, excluindo toda competição política contra partidos e grupos; as assembleias representativas são fantoches, aceitando unicamente os políticos formulados pela liderança, e as eleições são controladas pelo aparelho do Estado e pelos funcionários do partido. Tendo ainda, como características comuns e semelhantes, os seguintes aspectos: 1) a ideologia é total e absorve a sociedade; 2) toda sociedade é subordinada ao partido, ao Estado e ao líder; a economia, a vida social e artística (não há pluralidade cultural) são sincronizadas ao regime; 3) o partido único governa e controla o Estado; 4) não há competição política; 5) a intimidação e coerção são institucionalizadas pela política; 6) o comando e a execução, bem como a autoridade e o poder do líder, são absolutos; 7) existe uma tendência expansionista: exaltação à nação e um “forçado” nacionalismo, não como um credo político, mas como uma crença doutrinária num sistema fechado. (Braga, 1997, p. 184).

Podemos dar alguns exemplos de totalitarismo que por pouco não dominou o mundo e privou uma sociedade inteira de sua liberdade. O Capitão América é o herói que luta pela República, pela democracia defendendo toda e qualquer diversidade. Por isso sempre aparece envolvido lutando contra regimes e inimigos totalitários, fascistas e ditadores, que querem controlar todas as pessoas, privando-as dos seus direitos a liberdade.

Imagem- 3. A queda da República. Fome e guerra.

  1. O Fascismo ideologia e de organização política introduzida na Itália por Mussolini nos anos de (1833 – 1945).

O que existia era uma ditadura onde apenas funcionava um único partido, influenciado por ideias sindicais e nacionalistas. O fascismo tentou instituir na Itália um regime corporativo, em que o sistema político-social constituía o Estado. As pessoas passariam a viver em naturalmente em grupos sociais. Além disso, Mussolini ex-revolucionário socialista, se fez chefe de um Estado Totalitário, no qual segundo Fernando Braga, (1997, p. 185) explica que: “[…] no apregoar da liberdade de pensamento ‘foi o mais doloroso desastre, porque, em substituição às verdades clássicas, não nos deu nenhuma certeza e só soube criar princípios”.

  1. O Nazismo oriundo de um movimento ideológico e político, organizado nos anos de 1919, pelo o então amaldiçoado Adolf Hitler (1889-1945), tinha o nome de partido nacional- socialista alemão dos trabalhadores. Enlouquecido pela ideia de supremacia da raça ariana, subjugou através do seu autoritarismo e de seu niilismo aristocrático o mundo como se fosse inferior.

Interpretou a genialidade de Nietzsche “O super-homem é produto desse gênio de cujos infinitos sofrimentos a natureza um dia teve piedade dando-lhe
a loucura”, diz o biógrafo. Autor, dentre grandes livros, de Assim FalouZaratustra, 1891”.

Ele imaginou um super-homem, baseado em conceito metafisico da “vontade de poder”, também na transmutação de valores, revertendo o curso da história, a reviver a raça superior.

O Capitão América é esse ideal de libertação, que representa o desenvolvimento e a prosperidade da potência americana, por tanto representa também a força americana. O super soldado, afinal é oriundo da maior potência mundial e ela não é um simples país. É o país que a maioria dos Estados o segue e vê como referência politica para desenvolvimento civilizatório social, econômico e de força.

O soco do Capitão América em Hitler representa o soco da liberdade sobre aqueles regimes que querem controlar o Estado, manipulando as vidas das pessoas. Impondo regras ideológicas absurdas, não apenas nas suas vidas, mas até mesmo impondo leis aos pensamentos das pessoas para que seja realizada.

Imagem- 4. A resistência pela Liberdade.

  • O Comunismo, um conjunto de doutrinas social-filosóficas que atribuiu um papel a luta de classes ao proletariado. Revolucionou as sociedades já organizadas em seus moldes capitalistas. Esse regime preconizou uma corrente de ação revolucionaria, e instituição totalitária, estatocrática, baseada na ditadura do proletariado. Lênim seguia a linha de pensamento em que esperanças futuras aconteciam com estágios avançados da industrialização. Inevitável foi à barbárie que ocorreu neste período.

Em uma história em quadrinhos intitulada de “Capitão América: lar dos valentes” volume 1, trás uma abordagem onde o capitão luta contra o poder totalitário que conseguiu dominar o mundo.

Imagem- 5. Guerra dos 40 minutos.

A história é escrita por Mark Waid e desenhos de Chris Samnee. Depois de uma luta árdua contra Kraven: o caçador, o Capitão América é capturado e congelado. Ao acordar está lutando ao lado de um grupo de resistência contra o regime totalitário e fascista, a “Muralha”.

 

Imagem- 6. Símbolos, Armas e Ambiente em vermelho indicando dominação do regime totalitário.

O Capitão está em Washington e o que vê é uma cidade arrasada pela guerra. Muitos dos seus inimigos ainda o consideram uma lenda que representa perigo para outros regimes totalitários, antidemocráticos.

Imagem- 7. Tanque com estrela vermelha.

Embora não tenha o nome relacionado diretamente, o uniforme dos soldados do qual luta contra o capitão, deixa claro contra quem a resistência dos Estados Unidos está lutando. Soldados vermelhos com uma estrela vermelha no braço podem indicar a referência ao grande combate contra o comunismo da China, que é citado até na própria HQ.

 

Imagem- 8. Soldados com uniforme vermelho

Durante a narrativa de como os Estados Unidos da América perdeu a guerra dos 40 minutos, é citado na fala do capitão, se os EUA perderam para Coreia do Norte ou China. Isso demostra os inimigos dos ideais da América, que um soldado americano tem de lutar, e que deve estar sempre sentinela para que regimes totalitários não venham a destruir a nação.

Imagem- 9. Mulher e monumento da Liberdade

A muralha foi a responsável pela grande destruição do país. Em um ataque coordenado simultaneamente com ogivas de todos os lados. O quadrinho mostra nesse sentido, a grande preocupação dos EUA em relação a um ataque desse porte na realidade.

Outro fator que o quadrinho nos mostra, é quando insere a simbologia da liberdade. A “líder”, uma mulher lutando e resistindo pela liberdade, fazendo alusão ao monumento da estatua da liberdade, que também é uma mulher.  Em meio ao caos ela resiste corajosamente lutando pela liberdade do seu país.

 

Imagem- 10. Mapa dos EUA.

Durante o passeio pela cidade ainda aparecem um pastor e o monumento de Abram Lincoln ao chão. Essas duas representações ainda que apresentada muito pouco no quadrinho, não aparecem por acaso, pois um tem significado histórico de liberdade, democracia, e outro representa os valores que o país adotou para sua sociedade e para o mundo.

 

Imagem -11. Pastor e uma Igreja em ruínas.

Tudo foi retirado da população norte americano, jornais e revistas perseguidos e destruídos. Nem mesmo tirinhas de quadrinhos poderiam ser publicadas. Nesse caso Garfield é citado como uma tirinha proibida. Revelando o teor de como é uma ditadura e um regime totalitário.

As falas da resistente junto ao capitão América, narrada em seus balões, mostra como age um regime ditador. Proibindo tudo que não é de acordo com o que o governo pensa ou diz. No quadrinho mostra que até mesmo igrejas seriam destruídas. A república que custou sangue e honra nada representou. Deixando o povo a mercê de um único mandante. E certamente a luta pela igualdade desapareceria.

 

Imagem- 12. Ambiente em vermelho com soldados segurando uma foice.

Ao apresentar o castelo, símbolos que lembram o comunismo ou símbolos que rivalizam com o regime dos EUA, aparecem discretamente. Há cores e uniformes de soldados, que rementem ao comunismo clássico. O capitão América se torna junto a resistência, a esperança por liberdade. Toda essa história se passa no ano de 2025 nos Estados Unidos. O quadrinho “revela” ainda a atual luta econômica e ideológica entre os EUA vs China.

Seu grito ecoa contra os invasores: “pelo país, pela liberdade”. A resistência avança, e o rei é derrubado, a democracia e restabelecida. Porem o capitão alerta, que sempre haverá aquelas nações que vão a qualquer momento tentar invadir novamente os EUA. Pouco a pouco a resistência toma o país de volta.

Mas o peso é grande para os poucos heróis que sobraram. A única esperança da América de continuar livre é Steve Rogers voltar ao passado de onde parou e não se deixar capturar.

E é assim que detém o avanço da muralha, voltando no tempo e parando mais uma vez bombas nucleares lançada contra seu país.

Capitão América: Lar dos Valentes foi publicado no Brasil em novembro de 2018 pela Panini Braisl, e nos EUA em Captain America 695 em janeiro de 2018.

 

Imagem- 13. Vermelho a esquerda, soldados do Estado massacra o povo em azul à direita.

O quadrinho lança no imaginário popular como o país dos EUA é forte e soberano, e que existe resistência para lutar contra regimes totalitários. O leitor é levado a acreditar na força norte América salvadora do mundo constituída pelo capitalismo. Ela indica também, que o melhor regime é a República democrática. Deixa claro, os tipos de países que podem ameaça-la, pois para explicar utiliza-se de símbolos clássicos, históricos, fazendo alusão a elementos de regime totalitários. Destruição, fome, guerra e resistência são vistas em seus quadros, que cria uma narrativa de um EUA derrotado por países de regimes totalitários, que economicamente estavam no seu calcanhar, e que, organizaram-se, e que o atacou ao mesmo tempo com bombas nucleares.

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