O Brasil ficou chocado com o caso do menino Henry Borel que, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, foi morto após agressões causadas pelo vereador Dr. Jairinho (expulso do Solidariedade) e encobertas por Monique Medeiros, mãe da criança. Uma das principais provas do inquérito são conversas recuperadas no celular de Monique, que relatam outros momentos de tortura sofridos pelo garoto de 4 anos.
A polícia utilizou um sistema israelense chamado Cellebrite, que afirma ter acesso completo a celulares Android e iOS de última geração. Este não foi o primeiro caso no qual o software foi utilizado no Brasil: fez parte das investigações referentes a prisão de Fabrício Queiroz – ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018 e investigações da Vaza Jato – vazamentos de conversas privadas da equipe que atuou na Operação Lava Jato.
No caso Henry, o Cellebrite possibilitou que os investigadores tivessem acesso a mensagens trocadas por Monique Medeiros com a antiga babá da criança. As duas conversavam sobre um episódio em que Dr. Jairinho havia se trancado no quarto com o garoto e agredido ele. Ao analisar as conversas, a Polícia Civil constatou que a babá e a mãe de Henry mentiram em depoimento ao relatar que não tinham conhecimento das agressões.
As mensagens haviam sido apagadas do celular de Monique, porém isso não impossibilita o acesso a esses dados. “O Cellebrite foi uma prova técnica essencial, muito forte”, disse o delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC).
Com o passar do tempo essas informações da lixeira são sobrepostas por outras, o que torna a investigação uma corrida contra o tempo para que não sejam perdidos dados e provas fundamentais, como as conversas de Monique. E, ainda com a sobreposição, alguns dados são vasculhados por meio das nuvens dos aplicativos.
O software israelense é utilizado pois permite acesso a dados que as pessoas acreditam ter deletado de seus aparelhos. Porém, muitos não sabem que essas informações continuam presentes no celular. Elas são deletadas dos aplicativos, mas são movidas para uma pasta que funciona como uma espécie de lixeira do telefone.
As conversas da mãe de Henry foram realizadas no WhatsApp e muito se falou sobre a criptografia do aplicativo de mensagens, mas o Cellebrite acessa dados presentes no celular e em serviços de nuvem como Google Drive e iCloud, nos quais são realizados backups das conversas. Ou seja, são acessadas as conversas descriptografadas que estão salvas no aparelho celular e os presentes em serviços de nuvem são decodificadas, possibilitando a organização da estrutura textual.
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