DEUS AMA, O HOMEM MATA

 

 

 

Figura I Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

 

Olá, caro leitor, hoje abordaremos uma das mais grandiosas histórias em quadrinhos da editora Marvel. Vamos falar da Graphic Novel que mudou o rumo de como fazer histórias relacionadas aos X-Men. Estamos falando de “Deus ama, Homem Mata”, de Christopher Claramonte e Brente Eric Anderson.

 

 

Graphic Novel é caracterizada primeiro pelo seu formato. Um pouco mais larga que um quadrinho normal. Pode ter poucas ou muitas páginas, mas com início meio e fim. Com conceitos que escapam do que vem abordado nas mensais. As narrativas passaram a apresentar algo mais denso e complexo? Sempre os autores visam a inventividade e a renovação da criatividade.

 

 

O contexto onde se passa a história dos X-Men é durante os anos de1970-80, nesse período Ronald Reagan era o presidente dos EUA. É nesse período também que uma onda de conservadorismo começa a tomar conta da nação. E havia críticas ferrenhas ao estilo de vida que chamavam de “esquerdista”. Os Pastores pregavam o fundamentalismo, justificando que a melhor forma de vida da sociedade era, que não atendesse às novas ondas culturais, ao movimento Hippie.

 

 

 

Figura II Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

 

Era pregado por esses pastores que a bíblia era bem definida, a bíblia seria a fonte da sabedoria, o caminho para a salvação de todos, inclusive para todos da nação norte-americana.  Apesar de tudo, os pastores esclareciam, que os EUA eram um país plural, mas que na visão real, na pratica era excludente, suas agendas políticas e sociais continha a esperança de remodelar o país. Os pastores pediam a confiança do povo no que praticavam, e diziam, que o que faziam era o correto e justo.

 

 

 

 

Figura III Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

Em março de 2003 Christopher Claramonte escreveu dizendo que em todas as guerras religiosas já lutadas de ambos os lados do conflito exaltavam a vitória em nome de Deus, afirmando que ele estava do seu lado. Mas se ambos os lados acreditam no mesmo Deus, qual lado está certo?

 

 

Segundo Christopher Claramonte os mutantes sempre representou uma minoria, uma metáfora que representa os excluídos. A ideia de Claramonte foi tornar os mutantes uma peça nesse jogo político. Os mutantes seriam os “esquerdistas” subjugados pelos pastores conservadores fundamentalista da época. Não importava se Noturno era católico de pé roxo, ou se a Kitty Pryde, era uma judia, o que importava era, o que valia sobre a minoria, que eles eram mutantes e, portanto não humanos.

 

 

Figura IV Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

Christopher Claramonte para poder escrever essa Graphic Novel teve de ler a bíblia várias vezes, e escutou, assistiu vários programas de pastores religiosos. E também aproveitou a ideia política dominante para inserir os X-Men no meio de toda problemática. Nos mostrando, como pode ser perigosa a intolerância, a discriminação e o pré-conceito.

 

 

Christopher Claramonte traz a problemática que nunca deixou de existir. A intolerância religiosa em tempos mais remotos matou e assassinou várias pessoas em todo mundo. A percepção do pastor Stryker na HQ dos X-Men, com sua percepção de fé contra Noturno. Não é por conta de que Noturno não é de sua religião, que é menos amado por Deus? Ele é católico e possui sua fé.  Mas o pastor Stryker o condena por ser mutante, por ser diferente, do que ele mesmo considera ser escolhido por Deus.

 

 

 

Figura V Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

 

 

Uma das frases que influenciou Christopher Claramonte a descrever abordagem ao X-Men, foi uma das famosas frase de Martin Luther king:

“Sonhei com um mundo onde meus filhos e os netos deles fossem julgados não pela cor de sua pele, mas pela natureza de seu caráter”.

 

Já sabemos em que Christopher Claramonte inspirou-se para desenvolver esta HQ no período onde o presidente era Ronald Reagan. O presidente  que ficou conhecido por ser um conservador, que batia de frente com os novos costumes de “esquerda” causada pela revolução Hippie, seja em relação ao sexo, as drogas. Além do mesmo ser contra o comunismo. Ronald Reagan, passava sua mensagem política de bom moço defensor dos antigos valores da família.

 

 

 

Figura VI Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

Durante os anos 1960 e 1970, os EUA passou por vários protestos, boa parte da população era contra a Guerra do Vietnã, protestavam também por mais liberdade social; tudo isso seduziu boa parte da sociedade e levou a aderir à os novos costumes, que logo foi combatido pela onda conservadora propagada pelo presidente Ronald Reagan.  Com a entrada de Ronald Reagan, o republicano passou a restaurar os valores religiosos, do passado americano, dos anos 50.

 

Figura VII Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

Ronald Reagan era Republicano e demostrou várias insatisfações aos movimentos Hippie que surgiam na época, e também aos negros africanos por não satisfazer a sua vontade política na ONU. Em um áudio vazado, Ronald Reagan chama os Africanos de “Macacos”, e claro, Ronald Reagan apelou para o imaginário cristão, todos os pastores na TV passaram a convencer às pessoas que o caminho dos valores que havia na bíblia era o melhor caminho que o povo e o país poderiam seguir.

 

 

 

Figura VIII Graphic novel X-Men Fonte: panini comics, Marvel.

 

 

 

O movimento Hippie tinham sua própria filosofia, muitas de suas frases ficaram conhecidas, como a famosa: “Paz e Amor”, eles lutavam contra a conjuntura militarizada da época dos anos 60. Esse mesmo movimento Hippie era uma contra cultura, que buscava mudanças significativa na sociedade. Foram eles, contra a Guerra do Vietnã, contra opressão e contra a sociedade do consumo, a favor da emancipação sexual e meio ambiente. Eram pacifistas, e diziam que em vez de pegar armas, pegassem flores, rosas.

 

Até aqui aparentemente sentimos que certas coisas se repetem né mesmo caro leitor? Se formos ver os últimos seis anos aqui no Brasil aconteceu algo muito similar, aponto de pensarmos que a História se repete.

 

A HISTÓRIA EM QUADRINHO

 

 

CAPÍTULO I

A história começa com duas pessoas fugindo dos pacificadores, exterminadores de mutantes. Os dois são encontrados mortos por Magneto, que jura vingança contra os responsáveis, como sabemos Magneto habita em si o desejo de dominar a terra e subjugar a humanidade. Para ele a raça mutante é superior.

 

No capítulo I presenciamos uma discussão envolvendo a Kitty e Danny, eles discutiam sobre A Cruzada Stryker que de alguma forma visava o extermínio dos mutantes.

 

 

Todos assistiam os debates na TV, as mídias sociais sobre a questão de os mutantes ser humanos ou não. Embora o professor Charles Xavier tivesse sido convidado a debater a ideia do reverendo Stryker, a notícia se espalhava cada vez mais nas mídias, e as pessoas viam os mutantes como algo perigoso a sua sociedade.

 

 

Ataques contra os mutantes são coordenados, atentados e perseguições começam depois da entrevista do professor Charles Xavier.

 

CAPÍTULO II

 

 

Presenciamos a revolta de Kitty, que se isola na companhia de Illyana para refletir sobre o atentado aos seus companheiros. Em quanto isso os outros capturam os terroristas. Illyana e Kitty é encontrada pelos purificadores, mas logo recebem ajuda.

 

 

CAPÍTULO III

 

 

A uma alusão a Jesus sendo sacrificado. No lugar do cristo o Professor Charles Xavier passa pelo processo da crucificação. Os quadrinho mostram os próprios alunos subjugando seu mestre.

 

 

Nesse capitulo também conhecemos um pouco da História do reverendo Stryker. Ouve um acidente na estrada e sua esposa entrou em trabalho de parto. O parto foi feito pelo próprio reverendo Stryker, que viu seu filho recém nascido como um mostro, e acabou assassinando a criança, que deu a entender, que a criança nasceu mutante com outra aparência bizarra

 

 

Em quanto o reverendo Stryker caçava os X-Men, Magneto caçava o reverendo Stryker. Alguns X-Men foram capturados, eles iam ser usados como exemplo para um sermão a nível público para todos verem e ouvirem como os mutantes são uma ameaça a sociedade.

 

CAPÍTULO IV

 

 

As notícias se espalharam rapidamente reunindo as figuras políticas mais importante do senário local. Mas alguns religiosos e o povo começam a duvidar da cruzada do reverendo Stryker, começaram a perceber que criticar o Estado moral da nação é uma coisa e outra é estigmatizar pessoas (diga-se os X-Men), e adotar postura semelhante ao Nazismo contra judeus.

 

Mas o espetáculo começa. Citações bíblicas são citadas pelo reverendo Stryker para justificas suas palavras contra os mutantes. Mas muitas das pessoas veem o discurso como algo muito radical.

 

 

Magneto interrompe a pregação do reverendo Stryker, e uma luta interna, nos bastidores tem início. Um debate entre ciclope e o reverendo Stryker se acentua. Indignado o pastor pega sua arma, mas um policial atira primeiro, deixando os mutantes ir embora.

 

 

 

 

 

“Quem diz? Você? O que torna seu elo com o paraíso mais forte do que o meu?”

Ciclope dos X-men

 

 

 

No século passado o preconceito era bem mais visível em vários países do mundo. Tanto de cor quanto da raça ou de crenças de pessoas. Christopher Claramonte   já havia notado isso durante os anos 70 no seu país.  No entanto o tema presente na sua história não é novidade para nós homens modernos. Essa história aborda um tema delicado, usa símbolo religioso reconhecível em qualquer parte do planeta. Apesar de não citar o catolicismo diretamente nas páginas de quadrinhos, ainda assim passa a ideia de participação da instituição nesses atos por conta da utilização dos seus símbolos, além dos pastores evangélicos.

 

 

 

http://https://www.youtube.com/watch?v=6dxJGcWpq_c

 

 

A história de Christopher Claramonte remete a um problema crônico que ainda perdura através dos séculos na vida cotidiana fora da ficção dos quadrinhos. Talvez os personagens não exista, por isso ficção, mas a história sim é baseada em narrativas reais, e que podemos nos deparar em qualquer época, em qualquer lugar em relação ao racismo ou intolerância religiosa.

 

 

Durante os anos iniciais de 1900 em Maceió período de oligarquia onde o atual governo era o do Dr. Euclides Vieira Malta, cujo passou junto a seu irmão uma soma de 12 (doze) anos no governo do Estado, presenciou ataques aos terreiros de xangô.

 

 

Boa parte da população não aprovava as práticas afro-brasileiras oriundas do continente africano, as instituições religiosas incitavam a desaprovação, influenciando as pessoas com suas posições em relação a outras crenças. As perseguições eram intensas e o preconceito levava as pessoas adeptas de outras religiões a praticarem suas crenças a escondidas.

 

 

Não é preciso usar a força de aceleração para viajar no tempo e entender os conflitos entre grandes potencias religiosas apoiada muitas vezes pelo próprio Estado. Conflitos como as Cruzadas e outros entre católicos e protestantes levou para morte milhares de pessoas mundo a fora, e ainda leva no oriente.

 

 

O catolicismo por muito tempo influenciou a opinião pública. Ela estava desde descobrimento do Brasil, catequisou índios modificou suas culturas os fazendo obedecer ao Império, e a justificativa era Deus.

 

 

Quando a liberdade social de fato começa a se expandir através de anos de Republica e capitalismo e do aparato cientifico é que muitas das tradições vão perdendo força e às pessoas podem realmente escolher qual crença querem seguir. Christopher Claramonte quis mostra isso nas suas histórias. Apontar a posição e o ideal de como pensava.  Mostrar a sociedade que preconceito não faz sentido, somos todos irmãos e seres humanos, independente de outra crença ou de outra cor dada pela própria natureza.

 

FIM!

 

 

 

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