Beber água de cabeça para baixo, levar um susto, prender a respiração, chupar um limão. Pessoas recorrem normalmente a essas ou outras crenças populares quando o assunto é soluço. Poucas coisas se comparam a esse terrível incômodo, que, para alguns, são situações esporádicas. Para outros, pode indicar um grave problema. Para todos esses casos, mas, principalmente para esses últimos, Ali Seifi, um neurologista do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em San Antonio, nos EUA, criou um dispositivo chamado HiccAway.
Soluços crônicos e prolongados são indicadores de patologias graves, como as neurites do frênico (herpes zoster, difteria, hanseníase, sífilis etc), doenças pulmonares (pneumonias, neoplasias, abscessos, água na pleura etc), problemas do esôfago (megas ou dilatações, tumores, divertículos etc), do estômago (câncer, úlceras, gastrites etc), do intestino (neoplasias, ulcerações etc), do fígado (cirrose, hepatites, tumores etc), do pâncreas (pancreatites, tumores etc) e até do aparelho urinário (pedras, tumores etc) e do cérebro (cânceres).
Pacientes terminais com distúrbios metabólicos importantes (uremia, amoniemia etc) ou com problemas respiratórios (acidose, alcalose etc) também apresentam soluços intermináveis e de tratamento crítico.
Interromper os soluços envolve estimular os nervos frênico e vago
Apesar de beber de cabeça para baixo ou comer uma colher de açúcar não parecerem soluções muito científicas, essas curas tradicionais baseiam-se na estimulação dos nervos vago e frênico, que ajudam a regular a deglutição e a respiração.
Ao reiniciar as mensagens que esses nervos estão enviando, engolindo voluntariamente, o indivíduo pode ajudar seu diafragma a recuperar o fôlego durante um evento de espasmo.
Pensando numa verdadeira solução para o problema, Seifi passou anos estudando uma que pudesse estimular simultaneamente os nervos frênico e vago, a fim de controlar os espasmos.
Então, ele desenvolveu uma espécie de canudo, com um bocal em uma extremidade e uma válvula de pressão na outra, o que exige que o usuário sugue com mais força do que com um canudo normal. Essa pressão faz com que o diafragma se contraia, interrompendo os influxos incontroláveis de ar que ritmicamente fecham as cordas vocais e causam o som clássico de um soluço.
De acordo com o site Science Alert, a pesquisa, que foi publicada no JAMA Network Open, contou com 249 voluntários em todo o mundo, e levou a um resultado em que 90% dos usuários apontam que o canudo funciona melhor do que os remédios tradicionais.
Ou seja, tudo o que o paciente precisa para parar esses “arrotos na garganta” é submergir o HiccAway em meio copo de água e começar a sugar. De acordo com quem já experimentou, basta apenas uma ou duas tentativas para que os soluços desapareçam. Seifi afirma que a válvula no fundo do canudo pode ser ajustada para a capacidade de beber em crianças e adultos.
Como os primeiros testes com o dispositivo são baseados em relatórios subjetivos e não incluem placebo, trata-se apenas de um estudo observacional. Para determinar se o HiccAway é realmente o melhor remédio disponível, seriam necessários estudos randomizados e controlados por placebo.
Entretanto, tendo em vista o quão desconfortáveis e irritantes os soluços podem ser, especialmente para aqueles com casos persistentes, vale a pena investigar mais os canudos de Seifi. O produto já está à venda pelo site do fabricante.
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